Experiências ao ar livre ativam competências que todo profissional precisa cultivar
- Daniel Franco
- 22 de abr.
- 5 min de leitura
Atualizado: 23 de abr.

Esta semana, conduzi um grupo de jovens escoteiros entre 18 e 21 anos por uma travessia de três dias pelo Parque Estadual dos Três Picos – RJ, entre Teresópolis e Nova Friburgo. Embora à primeira vista parecesse apenas um desafio físico ou um passeio ao ar livre, na verdade, foi cuidadosamente planejado com atividades e dinâmicas de mentoria para ser um processo profundo de escuta, descoberta e transformação, que convido você a conhecer abaixo um relato resumido de como foi essa jornada de autoconhecimento.
Esse tipo de vivência se chama Mountain Mentoring: uma abordagem que utiliza o ambiente inspirador e desafiador das montanhas como pano de fundo e catalisador para sessões de desenvolvimento pessoal e profissional. É uma experiência que vai além de uma conversa em um escritório ou videoconferência, incorporando a natureza como agente transformador, aprofundando a conexão entre mentor e mentorado potencializando os resultados.
Dia 1 – A travessia do vale e as escolhas que fazemos

Antes mesmo de darmos o primeiro passo, fizemos uma roda de conversa sobre o tema "Decisões e Consequências" — refletimos sobre a responsabilidade que temos pelos resultados das nossas ações e sobre o que representa iniciar (ou não) uma caminhada como essa. Assim começou nossa prática de autogestão. Se perguntando: quando o corpo e o coração falam o que será que a minha mente escuta?
A trilha nos desafiou desde o início, com subidas longas, por vezes íngremes, exigindo muito mais do que apenas preparo físico. O peso da mochila cargueira se confundia com o peso simbólico de tudo aquilo que os jovens carregavam da sua entrada no mundo do trabalho: dúvidas, pressões, medos, ansiedades, frustrações e expectativas.
À noite, uma chuva mais forte do que o previsto tornou as primeiras horas bastante desconfortáveis. Foi preciso ajustar barracas, trocar roupas úmidas, superar o frio. Mas, como só a montanha sabe fazer, fomos recompensados: assim que a chuva cessou e o céu se abriu, fomos presenteados com a noite mais estrelada de nossas vidas, iluminada por uma lua quase cheia. Aquele céu fez a chuva e os desconfortos parecerem um sonho distante. O silêncio, a contemplação e aquele tipo de beleza que não se descreve — só se sente — tomaram conta do acampamento.
Dia 2 – A montanha e as energias que nos consomem

O segundo dia começou com mais preparo — e mais consciência. Alçamos os 1.800 metros do Pico Caixa de Fósforo, um dos cartões-postais da região. A trilha era íngreme e exigente, e o esforço físico abriu espaço para conversas internas muito importantes.
Antes de começar a caminhada, propusemos a dinâmica: “O que consome sua energia?”. Cada participante foi convidado a refletir sobre o que o coloca para baixo e o faz a estagnar na vida: relacionamentos tóxicos, autocrítica exagerada, medo de errar.
A cada passo, algo simbólico ia sendo deixado para trás.
No topo, houve silêncio. Houve lágrimas. Houve risos também. O tipo de riso que vem quando se percebe mais leve do que imaginava. Afinal, escalar aquelas pedras, ficar à beira de um precipício e confiar nos outros e em si mesmo, não é algo que se passa sem sentir profundamente.
À noite, de volta ao acampamento, o dia foi encerrado com chave de ouro. Fizemos amizade com outros montanhistas e, ao redor de uma fogueira, compartilhamos mashmallows — um clássico, sim, mas essencial. A criança interior também merece seu momento em um lugar que nos reconecta com nossa essência.
Ali surgiram conversas sobre os temas mais diversos: alta performance, ansiedade, carreira, afeto e a pressão constante de “dar certo” muito cedo. E, naquele espaço sem filtro, todos puderam simplesmente ser… humanos.
Dia 3 – O retorno e o reencontro com o essencial

Refizemos o caminho da ida, mas com outra percepção. A trilha era a mesma. Mas os olhos... já não eram.
Ao final da jornada, na Cachoeira dos Frades, realizamos a última atividade: “Necessidades Reais ou Reais Necessidades?” Registrando em círculos concêntricos, representando a zona de conforto, a zona de aprendizado e a zona de medo. Cada participante foi convidado a refletir e se posicionar diante de temas como dinheiro, afeto, independência e futuro.
Foi um momento de grande entrega. As reflexões foram profundas e pessoais. Aquilo que parecia essencial antes da trilha já não fazia tanto sentido. E o que era invisível ganhou forma, nome e importância.
O essencial se revela no caminho
Foram três dias onde trocamos o significado da palavra “desconforto” por novas formas de sentir a beleza, a verdade e a natureza. Três dias de Mountain Mentoring — onde a trilha foi apenas a desculpa para escutar a si mesmo, ao outro e ao mundo.
Inspirado no pensamento do fundador do Escotismo, Baden-Powell, no livro Caminho para o Sucesso, entendo que a verdadeira preparação para a vida adulta envolve caráter, propósito e serviço. Mountain Mentoring não é só trilha: é um campo de desenvolvimento integral — um plano de carreira em conexão com a essência pessoal, onde aprendemos sobre liderança, resiliência e escolha consciente.
Para os jovens escoteiros do Ramo Pioneiro (18 a 21 anos), que vivem o marco: “Tenho um projeto para a minha vida”, essa experiência fortaleceu competências como autogestão, planejamento, trabalho em equipe e empatia – pilares do Programa Educativo Escoteiro e desenvolvimento de todo profissional de alta performance.
Agradeço à equipe corresponsável por esta jornada, pela parceria generosa e pelo cuidado com cada detalhe. Também a administração do Parque Estadual dos Três Picos que tornou viável a aventura com uma manutenção admirável do local. E manifesto minha profunda gratidão pela confiança desses admiráveis jovens na minha liderança durante todo esse processo.
Essa foi, sem dúvida, a melhor forma que encontrei de celebrar meus 41 anos de Escotismo e o dia do Escoteiro 23 de abril. Não por nostalgia, mas por renovação. Porque nada ensina mais sobre a vida do que a escuta ativa que há na montanha e a coragem de caminhar ao lado de outros abrindo o coração para a aventura que é viver.
Daniel Franco é um facilitador de ideias Especialista em comunicação, mentoria, novos negócios, desenvolvimento de profissionais e voluntário no Movimento Escoteiro.
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