Como você reage quando alguém te quebra com algo que você pensava que “sempre soube”?
- Daniel Franco
- 21 de jul.
- 4 min de leitura
Atualizado: 24 de jul.

O momento da descoberta
Estava dando seguimento a um processo de integração apresentando o meu perfil profissional para minha nova assistente de 21 anos, quando eu disse uma frase que usava quando tinha a idade dela e continuei usando depois de adulto para deixar claro meu estilo leve de liderar: “ser irreverente não é ser irresponsável”.
Ela parou, admitiu que não conhecia a palavra “irreverente” e, ali mesmo, pegou o celular para procurar no dicionário. Leu em voz alta:
Irreverente: que não tem reverência; que demonstra falta de respeito por coisas consideradas sagradas ou sérias; desrespeitoso.
Silêncio constrangedor.
Percebi que eu nunca parei para confirmar o significado de uma palavra que usei para me definir por anos? Descobri que “irreverente” não significa “descontraído” ou “espontâneo”, como eu achava. Na verdade, é pior do que ser irresponsável.
Não existe o óbvio. Mas é óbvio que é bom perguntar
Quantas vezes assumimos que sabemos o significado de algo sem nunca ter verificado?
Quantas palavras usamos, conceitos que aplicamos, estratégias que defendemos baseados em suposições que nunca questionamos?
Passei anos repetindo uma palavra que me definia — ou pelo menos eu achava que definia. Só que eu nunca tinha parado pra entender o que ela realmente significava. Se isso acontece com palavras, imagine com quantas outras ideias, crenças e certezas a gente segue no piloto automático.
E no mundo profissional isso pega forte. É o gestor que mantém os mesmos métodos sem abrir espaço para novas abordagens, porque “sempre funcionaram”. É o vendedor que repete técnicas no automático, sem validar se ainda geram resultado real. É o profissional sênior que desacelera o aprendizado, achando que já chegou no topo do conhecimento. ⠀
O poder do diálogo intergeracional
O que me chamou atenção nessa situação foi como uma pessoa tão mais nova do que eu me ensinou algo fundamental. Ela não fez isso sendo prepotente ou me corrigindo diretamente. Simplesmente questionou, com genuína curiosidade.
As gerações mais jovens no ambiente de trabalho podem trazer:
Questões frescas: não estão viciadas no “sempre foi assim”
Curiosidade natural: questionam o que parece ser óbvio
Acesso a informações: cresceram checando tudo na internet
Coragem para perguntar: não têm medo de parecer ignorantes
Falando nisso: a coragem de não saber
Aquele momento nos lembra que a verdadeira maturidade profissional não está em ter todas as respostas, mas em:
Aceitar que podemos estar errados – mesmo sobre coisas que “sabemos” há décadas
Valorizar quem questiona – ao invés de nos sentirmos ameaçados
Parar para verificar – mesmo que seja no meio de uma reunião
Admitir o erro – e transformá-lo em aprendizado
Criando uma mentalidade de aprendizado contínuo
Como profissionais que queremos nos manter relevantes e conectados com um mundo melhor, precisamos:
Cultivar a humildade intelectual
Admitir quando não sabemos algo
Buscar informações na frente de colegas e clientes
Agradecer quem nos corrige ou questiona
Reconhecer que experiência não é sinônimo de conhecimento absoluto
Encorajar questionamentos (em nós e nos outros)
Fazer perguntas abertas em conversas profissionais
Valorizar quem traz perspectivas diferentes
Criar espaços seguros para “não saber”
Questionar nossas próprias certezas regularmente
Aproveitar a diversidade geracional
Reconhecer que cada geração tem forças únicas
Buscar mentorias bidirecionais
Misturar experiência com oxigenação
Estar aberto ao aprendizado, independente da idade de quem ensina
É isso que busco aplicar quando trabalho com equipes em processos de inovação: quebrar a síndrome do “sempre foi assim” e criar culturas onde questionar é mais valorizado do que ter todas as respostas. Porque, convenhamos, se é possível passar anos se definindo errado, imagine quantas outras “certezas” organizacionais merecem ser questionadas!
A lição que mudou tudo
Agora, quando me apresento profissionalmente, uso outras palavras. Talvez “autêntico”, “direto” ou “espontâneo”. Mas a maior mudança não foi no vocabulário – foi em ficar mais atento para me permitir questionar minhas próprias certezas.
Ficou mais claro que a experiência só tem valor quando temperada com humildade. Que crescer profissionalmente não é acumular conhecimento, mas refletir constantemente sobre o que achamos que sabemos. E que, às vezes, as maiores descobertas sobre nós mesmos vêm das situações mais constrangedoras.
Para sua reflexão
Que “verdades” sobre você mesmo você nunca questionou?
Quantas palavras você usa sem realmente conhecer o significado?
Como você reage quando alguém questiona algo que você “sempre soube”?
Que descobertas constrangedoras podem estar te esperando?
Na próxima vez que alguém da sua equipe fizer uma pergunta que pareça óbvia, pare. Respire. E considere a possibilidade de que talvez você não saiba a resposta tão bem quanto imagina. Ou melhor: torça para que não seja uma palavra que você usa há 20 anos!
Fortalecer essa crença me deixa ainda mais convicto quando realizo treinamentos com líderes, empreendedores e também com jovens: criar ambientes onde experimentar é permitido, questionar é desejado e reaprender é o normal.
É por isso que costumo começar meus treinamentos com uma pergunta simples: “O que vocês têm certeza absoluta que sabem?” A resposta costuma ser reveladora – e divertida. Isso não é só metodologia de coaching — é sobrevivência profissional.
P.S.: Agora, sempre que alguém me pergunta como me defino profissionalmente, respondo: “Sou autêntico, direto e... definitivamente não sou irreverente!” Pelo menos essa eu tenho certeza que sei o significado. Ou será que não? 🤔
P.P.S.: Se você está pensando em me corrigir sobre “autêntico” ou “direto”, por favor, tenha piedade. Meu ego ainda está se recuperando. Rs
Daniel Franco é um facilitador de ideias. Especialista em comunicação, mentoria, inovação, desenvolvimento de profissionais e com certeza, talvez, não tenha orgulho da própria humildade.
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